sexta-feira, 10 de junho de 2011

"Quem cuida do pobre, não esquece do rico" por Carlos Barros de Moura em 10/06/2011

10/06/2011

Com meus abraços, envio minha coluna desta semana,

“"Quem cuida do pobre, não esquece do rico”

Carlos Barros de Moura

Mais uma semana de 2011 chega ao fim hoje! E que semana, cheia de anti-novidades, incluindo, talvez, mais alguma outra queda de ministro. Para entender o que aconteceu, basta ter o hábito de ler jornais por mais de 8 anos.

Tivemos o encerramento de mais um capítulo da novela PT e seus militantes. Saiu Palocci do governo, ficando a dúvida se saiu de fato também? E para a Mansão Civil foi uma companheira recém eleita para o Senado. Essa circulação ente Legislativo e Executivo no Brasil é fascinante e faz parte do show eleitoral. O povo elege alguém para representá-lo no Legislativo e sem mais nem menos, esse alguém deixa o cargo para qual foi eleito. Como fica a vontade do povo? Somente os deuses do Olimpo poderão explicar. Há muitas teorias da conspiração por trás da saída de Palocci. Mas uma coisa é certa, fomos contemplados com uma enxurrada de "acredite se quiser". Quem sabe, somente nas práticas contábeis desenvolvidas pelo velho e bom companheiro Delúbio, teremos algumas respostas sobre a origem e a aplicação dos recursos.

Na linha do "acredite se quiser", tivemos o parecer do Procurador Geral da República, arquivando as investigações sobre as atividades empresariais do ex bi-ministro, por falta de elementos. Logo o Procurador Geral, ocupante do cargo maior da defesa dos interesses do Povo, nos brinda com tão zelosa ação em nossa defesa. Vale lembrar que estamos na época de escolha, pela presidente da República, do novo Procurador Geral e o nome do atual está lista dos candidatos. Como perguntar não ofende: por que ele não se declarou impedido para atuar no caso Palocci? Quem sabe pensando como revolucionário, ele usou o que Jorge Semprún definiu como "as duas maiores virtudes de um revolucionário: a paciência e a ironia". Só que nesse caso, abusou da nossa paciência, com fraca ironia.

Afinal, me pergunto "qual a surpresa?" Se caminhamos rapidamente para a confusão total entre Estado, Governo e partido. Por isso, é importante registrar a lucidez de João Ubaldo Ribeiro em sua coluna de 05/06 no ESTADÃO sob o título "A reforma política já chegou". Ele nos demonstra claramente, através de dissertação de seu amigo Zecamunista, que Nosso Guia já fez a reforma, sem disparar nenhum tiro, criando o bipresidencialismo! Dois presidentes, em lugar de um só. Sem precisar mudar a Constituição. E assim vamos vivendo e sonhando!

Outro grande momento de "ironia e paciência" tivemos com a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o caso Battisti, que como revolucionário auto proclamado, com muita ironia e paciência quer que aceitemos ser a Itália um país que vive sob uma ditadura sem Poder Judiciário livre.
Admito que fiquei confuso com as razões dos votos que concordaram com a manutenção de Battisti no Brasil, sob a alegação de proteção à soberania nacional, respeitando a decisão de um presidente da República. Pedindo ajuda aos especialistas em Direito, pergunto se essa decisão cria a infabilidade dos presidentes da República? Afinal, há um tratado internacional cobrindo a questão de extradição.
No plano internacional ficamos complicados mais uma vez, porque prevaleceu a vontade de membros de partido político, contra parecer de órgão técnico do Governo.
Como a clava forte da Justiça não se levantou, é bom registrar que Battisti tem no Brasil apoiadores importantes: um senador marqueteiro da sua candura, o ex Inspetor Geral T. Soninlaw e um advogado famoso por suas atuações em favor de "indenizações a vítimas de perseguição do regime militar". A estranha coincidência é que esse mesmo advogado, famoso em São Paulo por sua atuação na prefeitura da cidade entre 1988 e 1992, não tem mostrado nenhum empenho na solução do assassinato do ex prefeito de Santo André - Celso Daniel, mesmo tendo sido indicado pelo partido para acompanhar as investigações.

Como ninguém é de ferro, devo agradecer ao saudoso e bem amado Odorico Paraguaçu, prefeito de Sucupira, pelo uso de sua frase "quem cuida do pobre, não esquece do rico", para título desta coluna, porque é isso que temos cada vez mais no Brasil, como nunca antes na sua História.

EM TEMPO: Permito-me reproduzir aqui o fechamento da coluna de Neil Ferreira de hoje (10/06) no DIÁRIO DO COMÉRCIO Pg3 "Num país que Palocci e Dirceu agem em liberdade, o lugar de Battisti é na rua".

Carlos Barros de Moura, empresário e Diretor da ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO, colabora com o DIÁRIO DE GUARULHOS.