Enchentes de verão: saiba o que as
seguradoras cobrem e como agir em casos de danos no carro
As
fortes chuvas que estão castigando São Paulo e várias outras metrópoles brasileiras
neste início de ano têm provocado uma série de transtornos. Queda de energia,
árvores derrubadas e transporte público fechado estão entre os problemas mais
recorrentes. Além disso, quem usa carro precisa ficar atento a outro perigo: os
alagamentos.
E
é aí que entra outra parte fundamental, o seguro. O motorista que tiver seu
carro danificado em uma enchente só será ressarcido pela seguradora, caso tenha
contratado uma cobertura específica no plano, informa a Susep (Superintendência
de Seguros Privados). Entenda como funcionam os seguros e como proceder em
casos de danos graves
Segundo
a Susep, é importantíssimo ler as cláusulas do manual da apólice de seguro,
pois é nela que constam todos os detalhes da cobertura contratada para o
veículo.
Especialistas
recomendam que os consumidores, ao contratarem um seguro, leiam o manual da
apólice que as empresas são obrigadas a fornecer com todas as informações sobre
aquele seguro. Ali constarão todas as coberturas contratadas pelo segurado
(incêndio, roubo, danos a terceiros, colisões, etc.) e as instruções para
receber o seguro.
O
problema é que os procedimentos relacionados a enchentes variam de acordo com a
seguradora, mas a maioria absoluta dos planos comercializados no Brasil inclui
a cobertura contra enchentes.
Aqui
são vendidos basicamente os planos completos, que incluem cobertura contra
colisão, incêndio, roubo e danos da natureza, como enchentes, queda de raio,
granizo, vendaval e árvore caída. É a “cobertura compreensiva”.
A
superintendência ressalta também que, em caso de acidente, o segurado deve
reunir a documentação necessária referente ao ocorrido e entregar à seguradora,
que a partir daí tem 30 dias para pagar o seguro — do contrário, poderá ser
penalizada pela SUSEP.
Mas
o que fazer quando o motorista não contratou o seguro contra enchentes? Esse é
o caso de um comerciante de 30 anos, que ficou ilhado com seu carro durante uma
chuva de verão no bairro do Itaquera (zona leste de São Paulo), em dezembro de
2014.
Após
deixar o carro secando por quatro dias, Ele guinchou o modelo até uma oficina,
onde começou o processo de restauração, que incluiu funilaria e higienização. O
custou total foi de R$ 5 mil.
Atualmente,
o pernambucano — que ganhou status de celebridade instantânea sob a alcunha de
“Gato da Enchente” — afirma rodar normalmente com seu Ford Ecosport, comprado
usado em 2009.
Porém,
ele já adianta que, ao contrário do seu carro atual, vai contratar um seguro
para o seu próximo veículo, que espera ser um Honda Civic. Afinal, gato
escaldado tem (mais) medo de enchente ao volante.
Por
sinal, o problema das enchentes nos grandes centros, como São Paulo, é para lá
de antigo.
O Cesvi Brasil (Centro de Experimentação e
Segurança Viária) elaborou um guia com recomendações para os motoristas
preservarem o veículo. Confira a seguir as dez dicas de como atravessar uma
enchente com segurança.
1.
Se o motor do carro morrer durante a travessia, jamais tente dar a partida.
Mantenha-o desligado e remova o veículo até uma oficina. Diante da
possibilidade de admissão de água, essa prática reduz o risco de danos causados
ao motor por um possível calço hidráulico.
2. Observe a altura do nível de água do trecho alagado. A maioria das
fabricantes de veículos estabelece uma altura máxima para essas travessias e
essa distância normalmente não pode exceder o
centro
da roda.
3.
Dirija o veículo em baixa velocidade, mantendo uma rotação maior e constante ao
motor, em torno de 2.500 rpm. Isso diminui a variação do nível da água e seu
respingar junto ao motor, dificultando sua admissão indevida e a contaminação
de componentes eletroeletrônicos, e melhora a aderência e a dirigibilidade do
veículo na travessia.
4.
Veículos equipados com transmissão automática devem ser colocados na posição de
trocas manuais (se houver). Assim, o automóvel não desenvolverá tanta
velocidade, sendo possível imprimir uma rotação maior ao motor. Outra
possibilidade é alternar, manualmente, a troca de marchas entre “N” (neutro) e
“D” ou “1”, de modo a manter a velocidade baixa durante o trecho alagado, sem
descuidar da rotação do motor, sempre em torno de 2.500 giros.
5.
Se o veículo for automático e tiver as opções “Winter” ou “Snow” para ajuste de
tração, utilize esses recursos. Embora tenham função de conferir maior
segurança em trechos de baixa aderência (como neve ou lama), as duas funções
(sinalizadas na maioria dos casos pelo símbolo de neve) evitam que o veículo
patine graças ao bloqueio do diferencial. Por isso, devem ser utilizados em
alagamentos, pois beneficiam o controle da aceleração.
6.
Mantenha o menor número possível de equipamentos ligados e fique calmo caso
sejam constatados os seguintes sintomas: aumento de esforço ao esterçar
(direção hidráulica), variação na luminosidade das luzes do painel de
instrumentos, alertas sonoros, flutuação dos ponteiros, luzes de anomalia da
injeção eletrônica, da bateria e do ABS (se disponível) acesas, aumento do
esforço ao acionar os freios e interrupção do funcionamento da tração 4X4.
Todos esses sintomas provavelmente são causados pela perda de aderência
entre a correia auxiliar e as polias da bomba da direção hidráulica, alternador
e bomba de vácuo (veículo diesel), sendo, na maioria das vezes, um fato
passageiro que não impede adirigibilidade. Nestes casos, reforce a cautela e desligue periféricos
como o som.
7. Desligue imediatamente o ar-condicionado. Essa prática impede que
alguns componentes joguem água na tomada de ar do motor, reduzindo o risco
de calço hidráulico. Veículos rebaixados e turbinados, na maioria das
vezes, apresentam maiores riscos de sofrer calço hidráulico. Por isso, é
aconselhável manter a originalidade da montadora. Se o veículo estiver
modificado, redobre a atenção aos procedimentos sugeridos.
8. Faça um checkup preventivo caso tenha feito a travessia de um
grande alagamento. Assim corrigem-se possíveis alterações do sistema de
injeção eletrônica — muitas vezes simples e imperceptíveis — que podem
gerar grandes transtornos posteriormente.
9. Após passar por um alagamento, dirija-se diretamente para uma
oficina. Pode haver, entre outros, a contaminação do cânister, do óleo da
transmissão, do(s) eixo(s) diferencial(is), no caso de veículos com tração
traseira ou mesmo quatro por quatro, o que determina a redução da vida útil
dos componentes integrantes desses conjuntos, além de riscos acentuados de
falhas na embreagem, suspensão e freios. Por isso, ir até uma oficina
solicitar a avaliação desses itens é a melhor alternativa.
10. Faça uma limpeza no sistema de ventilação. Após travessias
consecutivas de alagamentos, você estará sujeito à contaminação por fungos,
micro-organismos e bactérias. Por essa razão é recomendável realizar uma
limpeza de todo o sistema para uma utilização segura.
Compilação:
Carlos Barros de Moura,
BDM&A - Barros de Moura
EXPERTISE EM SEGUROS
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