Por Carlos Moura
Tomo a liberdade de adaptar para esta minha crônica o título de um filme, muito bom, sobre a campanha do Brasil na Copa do Mundo de 1958.
Isso aconteceu faz 50 anos e, durante esse tempo, nosso país mudou muito. Saímos do campo para inchar as cidades.
Nossa capital de então – Rio de Janeiro – foi ocupada por um "novo Estado": o crime organizado.
Naquela época, havia esperança e sonhos. Passamos a acreditar em nós.
Em tudo aconteciam novidades. Na boa e velha política, as coisas mudavam para tudo continuar igual.
O PSD (partido do presidente JK) controlava os rincões da pátria, enquanto a UDN (oposição) planejava, nos salões elegantes das capitais, o golpe para tomar o poder.
Em 1964, a UDN conseguiu o golpe, mas pouco tempo depois foi posta de lado pelos militares.
Em São Paulo, a festa pelo campeonato do mundo na Suécia não ocupou a avenida Paulista, onde os bondes ainda circulavam e as pessoas podiam caminhar tranqüilamente. Não havia trombadinhas, etc.
Isso tudo me vem à mente com o fim das Olimpíadas de Pequim.
Infelizmente, ficou provado mais uma vez que as coisas mudam para tudo continuar igual.
Nosso desempenho foi inferior ao esperado ou sonhado, deixando claro que nossos projetos nacionais são sempre voltados para a pirotecnia, e não para resultados efetivos e constantes.
E, como dizem os maldosos, para ganhar "bronze", basta ir às praias do Nordeste em qualquer época do ano.
É verdade que entre os sul-americanos fomos os mais bem colocados, inclusive mais do que Cuba.
Precisamos melhorar nossas participações nas Olimpíadas, ganhando mais medalhas de ouro, mas sem trocar nossa democracia por uma ditadura igual à do país que mais medalhas de ouro ganhou.
Para isso, cuidado nas eleições de outubro é um passo importante.