Venda do serviço fora da capital já representa mais de 50% no segmento
de veículos e ajuda a engordar caixa do setor. Em algumas cidades, custo
supera o da Grande BH
A contratação de seguros para proteger o carro contra furtos, roubos e
acidentes é um peso anual no orçamento do consumidor das grandes cidades, mas
a fatura ganha força também nas despesas do motorista do interior. A
multiplicação da frota nas pequenas cidades e a aceleração da renda e da
violência acentuaram os gastos com proteção e, em alguns casos, os
consumidores das pequenas cidades chegam a arcar com custos parecidos ou até
maiores que na Grande BH. As vendas no interior do estado já representam
fatia superior a 50% no segmento de automóveis, segundo cálculos do Sindicato
das Seguradoras de Minas Gerais (Sindseg-MG). Há cerca de oito anos, o
interior representava perto de 40% do montante.
Na última década, enquanto o número de veículos dobrou na capital, em
muitas cidades pequenas, a frota praticamente triplicou. Apesar de a
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea)
projetar para 2014 baixa de 10% na produção de veículos no país, o mercado de
seguros de automóveis cresceu no estado 10% no primeiro semestre e projeta
fechar o ano em Minas com alta de 12% na arrecadação frente a 2013,
movimentando perto de R$ 2,8 bilhões. Em ano de desempenho fraco das
montadoras, o cliente do interior está ajudando a engordar os resultados do
setor, ancorado na alta de preço dos seguros, que encareceram para o
consumidor até 15% este ano.
Mirando os centros de menor porte, as companhias ganham agressividade,
replicando nas pequenas cidades a estrutura das capitais. “As regiões do
interior de Minas já representam entre 50% e 60% dos negócios do setor”, informa
Ângelo Garcia, vice-presidente do Sindseg-MG, que também abrange Goiás, Mato
Grosso e Distrito Federal.
Enquanto em Belo Horizonte na última década a frota de veículos pouco
mais que dobrou, atingindo 1,6 milhões, em Paracatu, no Noroeste de Minas, a
conta triplicou no período, chegando a 36,7 mil veículos. Morador do
município, o bancário Eduardo Antônio Pimentel, de 40 anos, comprou há dois
anos um carro usado e, antes de sair de casa com o automóvel, contratou o
seguro. “Além dos bancos, percebo que as maiores seguradoras disputam o
mercado de Paracatu. O ruim para o consumidor é que o crescimento da
violência encareceu demais o seguro”, observa o bancário. Ele conta que
depois de vários orçamentos contratou o seguro por R$ 1,3 mil, cerca de 8% do
valor do veículo. “Consegui economizar com a pesquisa R$ 400, mas constatei
que paguei mais caro do que se estivesse em Belo Horizonte”, calcula.
De olho nas vendas para além da Grande BH, a seguradora Porto Seguro
pretende alcançar dezembro na contramão da indústria. A companhia prevê alta
de 40% nos negócios, embalados pelo crescimento das vendas nos municípios
menores. Para isso, o gerente da sucursal Minas, Cristiano Maschio, percorre
todo o estado à frente da expansão das operações, que até o fim do ano vai
somar 100 unidades (postos de serviços) espalhadas no interior. Há dois anos,
eram cinco postos e, no mês passado, o número atingiu 70 unidades. Maschio
ressalta também o investimento para tornar os serviços mais rápidos. A
empresa constatou que a demora pode fazer o consumidor desistir do negócio.
“Antes, a vistoria era muitas vezes um entrave. Com as inovações que fizemos
no mercado, no mesmo dia, o cliente do interior tem o carro liberado”, diz o
executivo, explicando que o seguro vale depois de o veículo passar pelo
processo.
ORÇAMENTO PRESSIONADO
Em momento de endividamento recorde das famílias, as despesas com
seguros ajudam a deixar o orçamento ainda mais sufocado. Marcelino Francisco
dos Santos, de 52, comerciante em Januária, no Norte de Minas, comprou no ano
passado um Honda City zero quilômetro, que já saiu da concessionária
segurado. “Comprei o seguro do novo carro por R$ 1.650. Além do
financiamento, vou pagar prestações do seguro quase o ano inteiro. Se
precisar usar o serviço, espero ser bem atendido”, disse o comerciante.
Alexandre Moreira, diretor regional da Liberty Seguros, observa que no
primeiro semestre, a expansão da companhia no interior de Minas Gerais foi
maior que na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Segundo ele, o
avanço de 37,9% nas vendas nos primeiros seis meses do ano podem ser
creditados ao empurrão dos “pequenos.” Enquanto a Grande BH avançou 20%, os
resultados de regiões pólo foram ainda mais gordos. “Em Juiz de Fora (Zona da
Mata), crescemos 51%; no Sul de Minas, 40%; no Centro-Oeste, quase 30%”,
aponta.
O executivo reforça que ações de marketing da seguradora no interior
contribuíram para tornar a marca mais conhecida, aproveitando o crescimento
do agronegócio e da renda nas pequenas cidades.”
Na Bradesco Seguros, Almir
Ximenes Filho, superindendente-executivo de Auto/RE, informa que o
crescimento da companhia está equilibrado entre capital e interior. De
janeiro a junho, as vendas de seguros para automóvel da companhia em Minas
aumentaram em 38,8% em comparação a igual período de 2013, totalizando R$
92,8 milhões em prêmios.
ACELERANDO
R$ 30 bilhões
Arrecadação do mercado de seguros de automóveis em 2013
R$ 2,5 bilhões
Participação de Minas Gerais no mercado do país
12%
Percentual que o setor pretende crescer esse ano
15%
Percentual médio de alta do preço do seguro este ano
Fonte: Mercado segurador12%
Percentual que o setor pretende crescer esse ano
15%
Percentual médio de alta do preço do seguro este ano
FONTE:EM.COM.BR Mercado segurador
Carlos Barros de Moura,
BDM&A - Barros de Moura EXPERTISE EM SEGUROS
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