Na semana passada o Copom, numa decisão agressiva, aumentou a taxa de juros de 12,25% para 13% para combater a inflação que, por uma série de razões, volta a ameaçar nosso Brasil. Felizmente, por enquanto essa ameaça ou neo-realidade não merece ser chamada de como nunca antes na História do Brasil.
Como essa nova taxa é um fato, não temos muito o que fazer, mas estou procurando entender. Da leitura atenta dos jornais, mesmo os especializados, é quase impossível tirar uma média entre os pró e os contra.
O fascinante é que cada vez fica mais claro que (1) o Brasil só tem a política monetária para combater a inflação; (2) os gastos públicos crescem assustadoramente; (3) os custos de produção de bens e serviços são elevados (burocracia estatal, falta de infra-estrutura, carga tributária e corrupção) e (4) baixa qualidade da gestão pública, demonstrada de forma singela pelo temor dos quadros do Ministério da Fazenda que a dosagem dos aumentos da taxa de juros seja mantida nas próximas reuniões do Copom, reduzindo as taxas de crescimento da Economia em 2009. Tudo indica que a meta é ter a inflação sob controle, para que em 2010 o crescimento econômico retorne, gerando polpudos dividendos eleitorais.
Outro aspecto que me fascina nesse processo – taxas de juros – é a suposta pele grossa do Banco Central – nosso querido guardião da moeda, porque todas as pancadas são contra a instituição e seu presidente. Do outro lado, está o chefe do Poder Executivo que, embevecido pelo sucesso, rema em sentido contrário, pondo mais lenha na fogueira da inflação. Esse processo fica claro para aqueles que conseguem separar o discurso das ações. Tudo indica que, também, no controle da inflação temos o efeito "teflon", ou seja, nada gruda no chefe do Executivo. Se isso é verdade ou não, só o futuro dirá.
O mundo não está mais tão favorável para nós e isso pode criar situações que o blá-blá-blá populista não será mais possível sem graves conseqüências, como por exemplo, dizer para os apóstolos da inflação tirarem o cavalo da chuva, porque faz tempo que não chove.