Carlos Barros de Moura EXPERTISE EM SEGUROS
Com nossos cumprimentos reproduzimos artigo escrito por Adailton Dias Diretor
executivo de Transportes da Yasuda Marítima Seguros em 19/11/2015:
Como o seguro de carga
pode contribuir para combater os efeitos da crise no setor de transportes
Especialistas utilizam com freqüência o desempenho de alguns
segmentos da economia para prever os seus efeitos na sociedade. É comum, por
exemplo, utilizar os dados referentes à venda de papelão ondulado para prever o
desempenho da indústria nos meses futuros. Caso a venda de papelão aumente,
significa que a indústria – que precisa de papelão para embalar seus produtos –
irá produzir mais.
Com o segmento de transportes a lógica é inversa. O setor sente
os efeitos de uma crise, como a que enfrentamos agora, sequencialmente aos
meios de produção. Como atividade-meio, essa área deixa de faturar porque os
diversos ramos da indústria deixaram de produzir ou vender seus produtos.
Esse é exatamente o cenário que vivenciamos hoje. Aliado a isso,
a pressão pelo barateamento do frete, os elevados custos de manutenção e
combustível, entre outros fatores, têm colocado os agentes do segmento em uma
situação complicada.
Você pode estar se perguntando: e qual é a fórmula mágica que o
título desse texto propõe para reverter essa situação, se os efeitos sofridos
pela área de transportes estão relacionados à situação econômica do país? Na
verdade, não se trata de fórmula mágica, mas de um trabalho de inteligência,
que envolve informação, tecnologia e logística para trazer mais eficiência e
minimizar perdas.
Hoje a indústria de seguros conta com ferramentas que, se bem
utilizadas, podem ter um impacto positivo na gestão de riscos e na eficiência
operacional das empresas. Cada vez mais, especialistas em avaliar as operações
(tipo de carga, meio de transporte, perfil do transportador etc.) têm condições
de estabelecer os recursos ideais para que o material seja transportado e
chegue com segurança ao seu destino, minimizando substancialmente os riscos de
roubos e acidentes, como colisões, tombamentos, entre outros. Isso pode gerar
um impacto positivo bastante relevante para a sociedade.
O Brasil conta com 2,3 milhões de veículos, com idade média de
12 anos, cadastrados no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de
Cargas (RNTRC) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Esse
modal, que é responsável por mais de 60% do transporte de cargas do país, tem
relevância estratégica para o abastecimento da população com bens e alimentos.
Um levantamento recém-lançado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) indica que os cerca de 170 mil acidentes de trânsito
ocorridos nas rodovias federais brasileiras em 2014 geraram um custo para
sociedade de R$ 12,3 bilhões. Estima-se que o custo dos acidentes nas rodovias
estaduais e municipais, em 2014, teria sido algo entre R$ 24,8 e R$ 30,5
bilhões. Em termos globais, pode-se estimar em cerca de R$ 40 bilhões de reais
por ano o custo que a sociedade tem com os acidentes de trânsito em todas as
rodovias brasileiras.
Esse é um custo bastante relevante para a sociedade e está muito
acima do que é investido em infraestrutura rodoviária e campanhas de educação
no trânsito. Isso porque estamos tratando aqui especificamente de valores
diretamente relacionados ao modal rodoviário, que corresponde a mais de 60% de
todo o transporte de carga nacional. Fora isso, há o custo inestimável de cerca
de 45 mil vidas perdidas anualmente no trânsito, segundo o Datasus, e outros
160 mil casos de lesões graves.
Aconteceram 56.408 acidentes de trânsito envolvendo veículos de
carga, como caminhão, caminhão-tanque e caminhão-trator, nas rodovias federais.
Embora caminhões estejam relacionados a 33,4% dos acidentes nas rodovias
federais, eles representaram cerca de 44% do total de perdas em valores por
conta de acidentes no ano passado. Aproximadamente 30% dos acidentes em
rodovias federais teve participação de, ao menos, um caminhão. E acidentes em
que esses veículos estiveram envolvidos ocasionaram 43% das mortes.
Outro dado preocupante está relacionado ao roubo de cargas.
Dados da ANTT apontam que em 2014 aconteceram 17,5 mil roubos de carga, que
resultaram em prejuízos da ordem R$ 1 bilhão. Já a Secretaria de Segurança
Pública de São Paulo divulgou que, de janeiro a agosto deste ano, ocorreram 5.587
roubos de carga em todo o estado, ante 5.697 em igual período de 2014 – 110
casos (ou 1,93%) a menos.
De posse de toda essa gama de informação, as seguradoras podem,
hoje, estabelecer uma consultoria tailor made, junto com o corretor de seguros,
que vai determinar as ferramentas ideais para evitar o sinistro. Definir o grau
de risco para cada categoria de carga, seu grau de complexidade, trajeto ideal,
recursos tecnológicos e até o grau de especialização do transportador, podem
fazer toda a diferença.
E é aí que entra o serviço de inteligência de mercado. Afinal, o
risco de roubo de uma carga de gesso, estatisticamente, é infinitamente menor
do que o observado no caso de uma carga de eletroeletrônicos. Nesse caso, pode
não ser necessária uma escolta armada. Mas se essa carga tem de passar por
Minas Gerais, por exemplo, é possível estabelecer uma rota alternativa ou os
horários mais seguros para trafegar pela BR-381, que foi responsável pelo maior
número de acidentes com caminhões entre as rodovias federais em 2014. O uso de
tecnologias de rastreamento via satélite, GPS, isca (rastreador escondido na
carga), trava de quinta roda (comando eletrônico que impede o desengate da
carga) entre outros, pode complementar a estratégia de segurança.
Com uma consultoria estratégica, as seguradoras podem contribuir
para minimizar perdas e fazer com que valores que seriam empregados na
compensação de prejuízos possam ser mais bem empregados em prol da sociedade.
BARROS DE MOURA - EXPERTISE EM SEGUROS